Insulina: o que é e como funciona?

A insulina é uma hormona que é produzida de forma natural pelo pâncreas [1,2,3]. O seu nome deriva do latim insula, que significa “ilha” [2,3,4], porque é produzida por grupos de células denominados ilhéus de Langerhans [1,2,3].
A insulina é usada principalmente para regular a glicemia do organismo, o nível de glicose no sangue. Permite à glicose entrar nas células do corpo [2,3,5]. As células podem depois usar a glicose como fonte de energia [3].
No caso das pessoas sem diabetes, esta hormona é produzida continuamente em pequenas quantidades [3,5,6]. No período de uma hora após uma refeição, o organismo intensifica a sua produção para ajudar as células a utilizar a glicose dos alimentos [1,3,6].
Quando o organismo deixa de produzir insulina e/ou as células do organismo se tornam resistentes à insulina, deixa de ser possível regular os níveis de glicemia , o que causa o aparecimento da diabetes [3,7]. A diabetes é caracterizada por níveis de glicemia elevados; também conhecido como hiperglicemia [3,7].
No caso das pessoas com diabetes tipo 1, as células responsáveis pela produção de insulina ( células beta ) são destruídas pelo sistema de defesa do próprio organismo, pelo que o pâncreas deixa de conseguir produzir insulina ou produz a insulina em quantidades muito pequenas [3]. A diabetes tipo 2 ocorre quando as células do organismo não respondem de forma adequada à insulina e quando o pâncreas não consegue produzir insulina em quantidades suficientes [3,4,5].
A evolução da insulina enquanto medicamento
A insulina foi descoberta em 1921, por Frederick Banting e Charles Best, na Universidade de Toronto, e foi inicialmente extraída do pâncreas de porcos, vacas e cavalos [1,3,7,8].
No início da década de 1980, os investigadores foram bem-sucedidos na produção de insulina humana recombinante em laboratório [3,7,8], iniciando a sua comercialização em 1982 [2,3,4,8]. Esta insulina é mais pura e menos propensa a reações alérgicas do que a insulina animal, apresentando uma estrutura semelhante à produzida naturalmente pelo pâncreas humano [2,4].
Posteriormente, os investigadores conseguiram alterar a estrutura da insulina humana, para otimizar a velocidade e a duração da sua ação [2,3,4,5]. Estas insulinas modificadas são denominadas análogos e são comercializadas desde 1996 [2,5,6]
Os diferentes tipos de insulina
Atualmente, estão disponíveis vários tipos de insulina para o tratamento da diabetes, com diferentes graus de rapidez e de duração da ação [3]. Cabe ao seu médico a definição do tipo e esquema de utilização de insulina quando prescrito:
- Ação curta, também conhecidas como insulinas regulares, que são as insulinas humanas criadas em laboratório. [3,5,8].
- Análogos de ação rápida, foram desenvolvidos para atuar mais rapidamente e com uma duração mais reduzida face às insulinas regulares. [3,4,5,7].
- Ação intermédia, obtida através da combinação de insulina regular com protaminas (uma proteína) ou zinco. [1,3,5,8].
- Análogos de ação longa, que foram desenvolvidos para atuar durante mais tempo e com mais estabilidade do que as insulinas de ação intermédia [4,5,7]. [5,6].
As velocidades e durações de ação destes diferentes tipos de insulina podem variar de acordo com inúmeros fatores, incluindo a dose administrada, a temperatura ou o local de administração [5,6,8].
A função da insulina no tratamento da diabetes
A insulina é essencial no tratamento da diabetes tipo 1. Em alguns casos, as pessoas com diabetes tipo 2 também podem necessitar de insulina, em especial quando os medicamentos já não são suficientes para equilibrar os níveis de glicemia [3,4,6,8,9]. Esta hormona é administrada sob a pele através de uma seringa, caneta ou bomba [1,4,6].
O objetivo da sua administração é replicar a função natural do pâncreas , fornecendo ao organismo a insulina necessária ao longo do dia e após as refeições. Isto permite que as pessoas, cujo organismo deixou de produzir ou não produz insulina em quantidade suficiente, limitem os aumentos de glicose no sangue [1,3,7].
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